— Tolisses

Coisas do Ulisses Mattos

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É Natal. Nessa época se falaem Papai Noel. Eduendes. Sim, sabemos que Papai Noel não existe. Mas há quem queira que seja diferente com os duendes. Vi isso com tristeza em um dia de sábado, 8 de dezembro de 2001, às 10h30. New York City Center, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Era a pré-estréia do filme “Xuxa e os duendes” para convidados e intimados, com presença do elenco e produtores. Eu estava lá. Não para tirar fotos de ídolos, pegar autógrafos ou simplesmente gritar a rima “Xuxa, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”, como aconteceu direto com outras pessoas presentes. Eu estava lá por motivos profissionais, trabalhando como repórter do Jornal do Brasil.

Por isso me senti um pouco ofendido quando o segurança me freou a entrada pedindo que eu comprovasse meus motivos e apresentasse minha credencial. Eu quis dizer “meu amigo, você acha que eu teria vindo até a Barra num sábado de manhã para ver um filme da Xuxa se não fosse por motivos profissionais?”. Mas não pensei seriamente em soltar essa frase. Sabia que se eu começasse a perder a paciência na entrada do evento, não me controlaria diante das coisas que ainda estavam para ser presenciadas por estes olhos que o agente funerário há de cremar.

Subi as escadas e confirmei meus temores. Haveria, sim, uma grande presepada. Se no lançamento de “O retorno da múmia” havia um cara vestido de guarda egípcio, por que não fariam algo ainda mais tolo em “Xuxa e os duendes”? Mas eu não estava preparado para o espetáculo deprimente que se desdobrava diante de mim. A produção do evento encheu o local de criancinhas vestidas de duendes. Elas não estavam apenas fantasiadas e sorridentes para recepcionar os convidados. Elas estavam atuando. Sim, encarnaram o espírito de duendes.