— Tolisses

Coisas do Ulisses Mattos

Verdade para quem precisa

Lancei mais um vídeo pelo Alta Cúpula. É o “Verdade Para Quem Precisa”:

 

Como fiz com o Exorcista Racional, conto aqui um pouco como foi o desenvolvimento do projeto.

O plano era fazer botar em vídeo algumas ideias surreais sobre o funcionamento do mundo, com explicações fantasiosas sobre como a sociedade lida com alguns temas. Mas não fazia muito sentido eu ficar falando isso para uma câmera, não só por achar que o formato de vlog está desgastado, mas também porque não tenho carisma pra isso.

Então pensei em responder perguntas do público. Ainda assim, para encarar a câmera, eu teria que falar para alguém essas respostas. Como o Alta Cúpula tem uma certa afinidade com fantoches, achei que seria legal conversar com fantoches, que trariam essas perguntas para mim. Já tínhamos dois bonecos feitos pelo Nigel Goodman (o mesmo que costurou o Marcelinho), para um outro projeto que tá na gaveta esperando edição. Um era animado pelo Nigel, o outro por Erik Gustavo (sim, o cara que faz o Marcelinho). Mas com Nigel trabalhando em São Paulo, só teria o Erik para atuar. Chamei então o Magalzão para trazer o Pentelhão, sua sátira ao Marcelinho. Ele topou, mas foi fazer um trabalho longo em Belo Horizonte e eu não queria mais esperar. E nem estava certo se devia mesmo usar dois fantoches.

O jeito foi fazer o roteiro pensando em um fantoche apenas, animado pelo Erik. Para começar, quis bolar logo um título. Como só ia falar mentiras, pensei em “Verdade para quem precisa” (inspirado na música dos Titãs) e comecei a escrever a situação. Foi quando achei que ela deveria se adequar ao título. Por que um fantoche não precisaria ter a verdade? Porque ele não vai usá-la. E por que ele acharia que precisaria usar? Porque… porque ele achava que ia virar gente de verdade. É, pareceu um bom conceito. Falei com alguns amigos e todos gostaram da ideia. Aí parti pra execução, chamando o Erik para dirigir o vídeo e, claro, animar o boneco, que nem tinha nome na primeira gravação.

Eu e Erik tentamos adiar o batizado do fantoche. Comecei o chamando de Solan, porque minha mulher falou algo como “acho bom ter um nome relacionada a essa lã na barbinha”. “Essa lã” me pareceu como Solan. Mas Erik acho que parecia um nome judeu e poderia dar a impressão errada sobre o personagem. Fomos para um pastelaria depois da gravação, debatemos muito e chegamos à conclusão de que o fantoche era uma espécie de aluno, de pupilo. De pupilo, chegamos a Pupo, até porque lembrava “puppet”. E também queríamos um nome que não fosse de gente, que fosse bem de fantoche. Nada melhor do que um nome que lembrasse “puppet”, fantoche em inglês.

Solicitei um trabalho de locução ao grande Mauro Richter, dono da TV Profissional, e ele me enviou como cortesia, já que andamos tocando uns projetos lá. Eu e Erik nos reunimos de novo e gravamos mais dois episódios. O segundo acabou sendo o primeiro a ser exibido. Pelo que vejo, é um dos vídeos com maior índice de rejeição no canal Alta Cúpula. A maioria gosta, mas tem muita gente dizendo que não riu ou não entendeu. Eu já esperava isso. É normal na minha humilde carreira de humorista, desde os tempos do site Cocadaboa. Para cada cinco elogios sobre meus textos, vinha um dizendo que eu era horrível. No meu stand-up, eu costuma ver um terço da plateia rindo muito, outro terço rindo moderadamente e um terço me olhando de cara feia ou sem reação (agora mudou bastante, porque tirei as partes mais polêmicas, para experimentar um pouco o que é ser melhor recebido pelo público e não estragar o show dos anfitriões quando sou convidado).

Bom, essa é a história da criação do Pupo. Vamos ver se me animo a escrever algo além dos três episódios já prontos. Vai realmente depender do grau de entusiasmo de quem curtiu.

1 comment
  1. Ewerton says: 11 de outubro de 201216:36

    Cara, os vídeos ficaram super engraçados! Não pare de fazer!

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