— Tolisses

Coisas do Ulisses Mattos

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Tag "trocadilhos"

Eu costumava dizer que não existe trocadilho ruim, assim como não existe pizza ruim. Mas começo a mudar de opinião. Não quanto às pizzas, mas quanto aos trocadilhos. Na verdade, o problema não reside exatamente nos trocadilhos, mas sim no uso que as pessoas fazem de alguns deles. É algo meio “diga-me de que trocadilho abusas e te direi quem és”. Cheguei a essa conclusão na época em que tentei me tornar um mestre de aikidô, uma interessante arte marcial. No início, procurei me preparar para os trocadilhos infames. Depois resolvi relaxar, pois pensei que o povo brasileiro já estava pronto para ouvir essa palavra sem falar gracinhas. Pensei que os primeiros comentários de alguém que soubesse que estou aprendendo aikidô fosse “Ah, é aquela luta do Steven Seagal, né?”. Ledo engano.

Logo as pessoas vieram com os dois trocadilhos mais bestas que poderiam fazer. O primeiro tem conteúdo sexual, que é relacionar aikidô com a frase “ai, que eu dou”, fazendo uma insinuação de que essa luta na verdade é uma forma de confessar sua homossexualidade. Hahaha. De novo: Hahaha. Deveria eu dizer “vou rir para não perder o amigo” ou ainda mostrar minha mão ao colega e pedir que ele escolha um dedo para que eu use para roçá-lo em minha axila de modo que eu ria? Ou mesmo fingir que tenho uma manivela do lado do meu tórax e rodá-la imaginariamente acionando meu mecanismo de risos? Pelo amor de Deus! Que tipo de trocadilho é esse? E o pior é que minha mãe um dia me telefonou aos risos para dizer que viu no Zorra Total um personagem boiola dizendo que gostava de praticar tae-kwon-dô, judô, aikidô ou qualquer outra coisa que tenha “dou”.