— Tolisses

Coisas do Ulisses Mattos

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O hipismo é um esporte? Sim, claro. Para os cavalos. São esses nobres animais que fazem todo o esforço no hipismo. São eles que saltam, que correm, que trotam, que dão cambalhotas, que refugam. São os responsáveis por todo o espetáculo. No entanto, quem recebe os louros são os cavaleiros e amazonas. Aliás, os louros seriam muito mais úteis, gastronomicamente falando, aos nossos atletas de quatro pernas.

O papel de protagonista desses quadrúpedes só é confessado nos momentos inglórios. Quando, no último dia dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, Rodrigo Pessoa “falhou” em dar ao Brasil sua única medalha de ouro, quem foi apontado como culpado? “Baloubet du Rouet refugou”, apontavam todos os dedos críticos. Então, a medalha não veio por causa do cavalo, não é mesmo? E se o ouro olímpico viesse nos resgatar das profundezas do quadro de medalhas? Quem seria o herói? Cavalo ou pessoa? Pessoa ou Baloubet? Pessoa, decerto. Sempre a pessoa.

Vejam bem, não estou dizendo que os cavalos fariam tudo sozinhos se fossem soltos na pista.

Não adianta você ser um namorado, noivo ou marido fiel, honesto e sensível. Sua namorada, noiva ou esposa vai sempre querer que você seja também um cara que não repare em nenhuma outra mulher. Ela não vai entender que mesmo que você esteja disposto a não pegar mais nenhuma garota que não ela, ainda está programado biologicamente para querer cruzar com outras milhares de mulheres. Não importa a ela que seu corpo reaja involuntariamente ao cheiro e à visão de outra fêmea, nem que você continue produzindo espermatozóides suficientes para inseminar toda a população feminina do planeta. Sua mulher vai achar que você não pode nem olhar para outra, mesmo que em revistas masculinas. Para preservar sua relação com essa moça a quem você, num grande ato de renúncia aos instintos, resolveu prometer ser fiel, é preciso aprender alguns truques e continuar em paz com sua mente masculina.

Quando você estiver caminhando com ela pela rua e passar uma daquelas mulheres que são impossíveis de ignorar e você perceber que não vai resistir e acabará virando o pescoço para contemplar aquelas formas, não tema. Chegue para sua companhia e diga: “Amor, veja que roupa legal que aquela moça está usando! Você gostaria de uma igual?”.

Quando surgiu na música o uso do sampler para inserir trechos de canções dentro de outras, achei estranho. Ainda mais com o exagero da prática em algumas obras. Logo de cara, em 1989, surgiu Vanilla Ice com o sucesso “Ice Ice Baby”, que nada mais era do que um riff do Queen. Compare (ou, como diria a Folha de S. Paulo, entenda):

 

A prática acabou dando briga com uma música do The Verve, “Bitter Sweet Symphony”, de 1996. A banda negociou o uso de um trecho da execução da Andrew Oldham Orchestra para “The Last Time”, dos Rolling Stones.

A MAD era uma das minhas leituras obrigatórias no fim da infância e adolescência. Não imaginava que um dia iria fazer para a revista uma das sátiras de cinema que eu tanto curtia. Foi o que aconteceu depois da estreia do filme “Thor”, quando recebi a encomenda de um roteiro zombando da produção, enfiando também X-Men e algo de Vingadores no meio. Gostei do resultado, que saiu na edição 38, de maio de 2011. Ainda mais porque o texto ganhou a sensacional arte do talentoso Camaleão.

Não vou escanear cinco páginas da revista, mas aí vai um trechinho da sátira:

Para ter uma ideia da história, é uma boa conferir esse link no blog do Camaleão, onde a arte está completa, mas sem o meu texto nos balões. Mas o melhor mesmo é pegar um exemplar num sebo qualquer. Baratinho.

Eis um furo de reportagem que passei como correspondente do Sensacionalista:

Caso Eloá: Lindembergh vai alegar insanidade mental de sua advogada

Mais doideira mesmo é se tocar de que, apenas quatro meses depois, ninguém mais lembra de Eloá, Lindbergh ou advogada com jeito de louca…

 

É fato que no mundo das celebridades de hoje, os jogadores de futebol são figuras importantíssimas. Há alguns anos, eles não eram tão famosos. Quer dizer, quem se ligava em futebol sabia quem era aquele sujeito se desse de cara com ele ou citassem seu nome. Mas era difícil um cidadão de classe média passar por um jogador na rua, até porque os craques muitas vezes moravam mal, em comunidades afastadas. Mas o tempo foi passando, o futebol virou uma máquina milionária e os caras começaram a faturar alto.

Ao mesmo tempo que o esporte bretão se profissionalizou e enriqueceu, o culto às celebridades foi ganhando corpo. Aí, é claro, não tinha como os dois universos deixarem de se cruzar, fazendo de alguns jogadores verdadeiros pop stars. Nada contra. Afinal, os jogadores têm muito mais talento do que o sujeito que simplesmente ficou alguns meses falando besteira dentro de uma casa trancada e aparelhada com câmeras em todos os cômodos.

Mas hoje os jogadores de futebol estão criando um problema sério de desequilíbrio no ecossistema das celebridades. E tudo tem a ver com sua procriação, que saiu dos eixos habituais.

O Ministério da Saúde divulgou uma cartilha para tirar dúvidas inusitadas que surgiram em relação à dengue.

1) Todo Aedes Aegypti transmite a dengue?

– Não há motivo de pânico. Nem todo Aedes Aegypt está contaminado. Só os que picarem você.

2) Acabei de ser picado por um Aedes Aegypti. O que devo fazer?

– O local da picada está infectado. A solução é evitar que o sangue da
região se espalhe pelo corpo. Pegue um O.B. ou um Tampax e insira
rapidamente na ferida, de modo que o absorvente sugue o sangue contaminado.
Se o O.B. ou o Tampax não couber na picada, pegue uma faca e alargue a ferida, até que haja espaço suficiente para a inserção do absorvente.

3) Quando tomo banho, fico com o umbigo cheio de água. Meu umbigo é um foco para larvas do mosquito da dengue?

– Sim. O melhor a fazer é não lavar o umbigo, pois o Aedes Aegypti gosta de água limpa. Deixe a água que se acumula no seu umbigo sempre suja.

4) Não importa o que eu faça, sempre há mosquitos em minha casa. O que posso fazer para dormir seguro?

– Nesse caso, pegue um pote raso e deposite um pouco de seu sangue no recipiente. Em vez de o Aedes Aegypti picar você para se alimentar, o mosquito irá direto ao pote, para poupar trabalho.

5) Se eu pegar um Aedes Aegypt morto e o prender com fita adesiva na parede da minha casa, outros mosquitos ficarão intimidados e abandonarão o local?

– Não. Os Aedes Aegypti não se intimidam diante de cadáveres de amigos mortos. Como o próprio nome diz, o mosquito vem do Egito, onde a população é de maioria muçulmana. O Aedes Aegypt encara a morte de seus companheiros como um sacrifício pela causa de sua espécie. Ver um cadáver de um companheiro exposto assim só vai aumentar seus brios e o ímpeto de seus ataques.

6) Uma aranha no meu quarto comeu um Aedes Aegypti. A aranha está contaminada?

– Sim. Chame as autoridades urgentemente para exterminar a aranha. A
tendência é que ela tente atacar você para transmitir a dengue. Não tente matá-la, pois a aranha com dengue fica mais agressiva e pode dominá-lo, prendendo você e toda sua família em sua teia.

7) O combate à dengue parece ineficaz. A culpa é do governo?

– Não exatamente. A culpa é sua, que escolheu a atual administração de sua cidade ou estado. Boa sorte no próximo voto, caso você sobreviva à dengue.

 

Por Ulisses Mattos

Publicado originalmente em fevereiro de 2002, no site Cocadaboa.com, com o pseudônimo Odisseu Kapyn.

O que impede que um rapazinho com um dos maiores QIs do planeta, admitido no MIT aos 15 anos, se torne um nerd solitário com mais intimidade com computadores do que com mulheres?

A resposta: um irrefreável desejo de curtir os prazeres da vida. Ainda mais quando se torna o herdeiro de um império industrial aos 21 anos. Esse é Anthony Stark, mais conhecido na alta-roda como Tony, um dos maiores playboys de todos os tempos, dono de uma fortuna avaliada pela revista Forbes como a oitava maior no mundo da ficção. O número de mulheres que ele faturou não está (ou melhor, está) no gibi da Marvel, editora americana que publica suas aventuras desde a criação por Stan Lee e Jack Kirby, em 1963. Os quadrinhos até mostraram o sujeito em romances mais sérios.

Mas o garanhão já foi retratado perdendo a paciência com uma delas e jogando-lhe na cara que ela era apenas mais um peixe em seu oceano. E o que faz um playboy quando decide ter superpoderes? Simples: constrói uma máquina mais possante do que qualquer um dos carrões que tem em sua mansão em Malibu. Assim, Tony decidiu brincar de super-herói vestindo a armadura do Homem de Ferro. Reparem que ele poderia escolher identidades como “Homem Metálico” ou “Superencouraçado”, mas fez questão de que seu nome de guerra lembrasse a expressão chula “passar o ferro”. Coisas de Tony.

A vida de super-herói não evitou que nosso ídolo continuasse caindo na farra e até enchendo a cara. Tony ficou conhecido nas HQs por seus poderosos porres, e muitos apostam que ele poderia até ter convertido sua armadura para ser movida a álcool. Mas, verdade seja dita, ele nunca foi de drogas mais pesadas.

Para ele, consumir heroína era simplesmente levar a Mulher Hulk ou a Vespa para a cama. E, como nunca foi de dispensar aranhas, Tony também traçou a Mulher- Aranha e a Viúva Negra. Para se ter uma ideia do quilate da última, quando a biografia de Tony foi parar no cinema, chamaram Scarlett Johansson para interpretar a bela russa. E Robert Downey Jr., escalado para o papel principal, ficou tão bem como o bon-vivant que foi cotado pra interpretar o maior playboy de todos os tempos, Hugh Hefner. Mas aí já é outra história…

 

Por Ulisses Mattos

Publicado originalmente em junho de 2010, na coluna “Os maiores playboys de todos os tempos”, na revista Playboy.