Em 1999, foi lançado um filme chamado “Magnólia”. Escrito e dirigido pelo americano Paul Thomas Anderson, o longa termina com uma insólita chuva de sapos. Devido à constante e intencional repetição dos números 8 e 2 por todo o roteiro, muita gente logo remeteu a tal chuva a uma passagem bíblica, em Êxodus, que narrava as pragas que Deus teria mandado para o faraó que o peitou. Mais tarde, porém, o diretor revelou que sua real inspiração para fazer a chuva de sapos foi a obra de Charles Fort, um estudioso do início do século 20 que se dedicou a coletar casos estranhos e bizarros. Era seleção de histórias que deixariam fãs do “Arquivo X” ou “Fringe” excitados de forma quase sexual. O maior objetivo de Fort era zombar da ciência, deixando claro que os cientistas não tinham explicação para tudo que ocorria. Ele colecionava erros da ciência e se amarrava quando alguma previsão científica não se concretizava.
Um dos temas favoritos de Fort eram as chuvas de sapo, testemunhadas em alguns lugares diferentes deste planeta. Os cientistas diziam que se essas chuvas realmente aconteceram, o motivo teria sido um furacão que passou por algum pântano, carregou um monte desses anfíbios e os jogou em cidades longínquas. Fort não engolia essa do sapo, argumentando que nesse caso teria que chover uma porrada de espécies, não apenas sapos. Além disso, Fort chegou a coletar depoimentos de gente que teria presenciado chuva de carne em decomposição.
Fort tinha uma teoria ainda mais esquisita que esses supostos fenômenos. Achava que havia uma antiga força natural teleportadora, que distribuía seres – ou parte deles – por planetas ainda não habitados. Essa força até hoje seria às vezes reativada, funcionando de forma aleatória. Isso explicaria pedaços de carne caindo do céu e chuvas de sapos e peixes.
Como hoje temos mais consciência de que aquilo que a sociedade mais faz é mentir e enganar, fica difícil acreditar na boa fé dos depoimentos coletados por Fort lá pros idos de 1930. Atualmente, as pessoas ganham dinheiro fingindo que estão participando de pegadinhas, encenando que estão tirando o demônio de fiéis, mentindo que estão cantando com sua própria voz, jurando que aquele produto realmente o emagrece em uma semana, prometendo que vão acabar com os males do país etc. E antes do profissionalismo vem o amadorismo. Os precursores de todos os vigaristas de hoje pode ter sido essa galera que jurou ter visto uma chuva de sapos. Mas existe outra hipótese. Além dos sacanas, há os desavisados.
Recentemente, vi dois casos na televisão que poderiam render relatos assombrosos para Fort.